Após dormir, ele acordou. Ainda com sono, pensou racionalmente e se questionou “De que me vale uma vida sem pecados senão a morte?”. Com esse pensamento foi ao banheiro e pegou a navalha para se barbear, depois, entrou no chuveiro para tomar um banho, a água estava molhada, como sempre. Vestiu-se e foi à cozinha tomar um café.
Saiu
para fora de casa, estava atrasado, mas, e daí? Havia perdido o emprego mesmo.
Foi andando a pé pelas calçadas até chegar na Rua XV de Novembro, onde se
sentou num banco. Queria fumar, então acendeu um cigarro e ficou olhando com
seus olhos todos que por ali passavam.
Deveria
procurar um emprego, porém, a preguiça era mais forte e sua mãe poderia
sustentá-lo por mais um ou dois meses. Lembrou do que havia esquecido e
continuou se questionando a pergunta que havia feito a si mesmo ao acordar.
Quando
o sol foi se escondendo atrás dos prédios e a noite começou a cair, resolveu ir
embora. Voltou a pé. Passando pelas vielas escuras e sombrias do subúrbio.
Nunca
chegou em sua casa. Bateu as botas. Acordou morto, com a boca cheia de formiga¸
servindo de comida para peixes no rio Barigüi, vestindo um sapato de cimento e
se preparando para vestir um terno de madeira e mudar-se para a cidade dos pés
juntos, onde iria passar o resto da eternidade comendo capim pela raiz.
Após
intensas investigações o Instituto Médico Legal constatou que ele morrera
devido a uma intensa hemorragia de sangue e a polícia descobriu que quem o
matou foi mesmo o assassino.
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